ATÉ JÁ, POESIA
De ti me despeço;
Até a um novo amanhecer.
De ti me desapego;
Desejosa de outro renascer.
A dor de poeta - ser;
É o lacrimejar da aura.
Uma solitária vivalma;
De quem lamenta sofrer.
Até já, minha confidente;
Minha tão prezada companhia;
Que conhece de cor minha mente;
Que me aceita, mesmo eu sendo tão fugidia.
ATÉ JÁ, POESIA
Estou ao virar da esquina;
Com olhar traquina!
Observando quem vive;
Quem se sente livre!
Estou aqui no cantinho;
Não me sentindo sozinho!
Embriagado por ousadia;
A sugar alegria!
E agora, vou a correr para casa;
Com um memorando mental;
Para debaixo da tua asa;
Te segredar como é ser mortal.
Até já, poesia!
ATÉ JÁ, POESIA
És tão intrínseca a mim, que por vezes tenho necessidade de te esquecer. Fazes -me sentir mais do que quero sentir, saber mais do que quero saber. És uma consciência na maior parte das vezes penosa, que me desgasta, que me afasta. Preciso de ti mas muitas vezes não te desejo. Dói-me ao escrever, a ter que reflectir e suportar isto tudo envolto num doloroso sentimento de quem prefere não ver, não recordar, não presenciar, não viver. Tornas-te numa ferida aberta que não sara, que me expõe quando quero ser silenciada. Como um intrometido espelho que me vasculha a alma. És uma droga que me provoca síndrome de abstinência, que requer constantemente um aumento de dosagem, uma dependência em que não há tratamento. És um tormento! És uma faca de dois gumes, que me aprisiona e que me liberta. És a esponja dos meus pensamentos, mas isto num círculo vicioso porque os meus sentimentos não findam. Tal é o tamanho de subordinação, que embora não te queira mais… até já, poesia!
ATÉ JÁ, POESIA
Com uma lágrima me despeço;
Digo adeus com apreço.
Tenho de partir;
Decidi ir.
Optar por outro rumo;
Perder-me no mundo.
Conhecer outras realidades;
Ter outras prioridades.
Assumir responsabilidades;
Ver até onde vai a minha adaptabilidade.
E como não quero assumir uma despedida;
Não te vou dizer até um dia;
Nem até logo…
Vou dizê-lo de outro modo –
Com uma certa melodia -
Até já, poesia!
ATÉ JÁ, POESIA
Em tudo o que vejo;
Em tudo o que sinto;
Em tudo o que me deslumbra,
Em tudo o que me entristece;
Aí estás tu – Poesia.
Estás em mim;
Em todos os meus sentidos.
No que eu vejo;
No que eu ouço;
No que eu toco;
No que eu cheiro;
No que eu falo.
Aí estás tu – Poesia.
Quando adormeço;
Quando acordo;
Aí estás tu – Poesia.
O tempo escasseia;
A vida esmorece.
Simplesmente sussurro:
Até já, poesia!
ATÉ JÁ, POESIA
Até já, poesia;
Até já, meu amor;
Até já, minha vida;
Até já, fonte de meu calor!
Até já, poesia;
Até já, minha amiga;
Até já, alegria;
Até já, real fantasia!
Até já, meu respirar;
Até já, meu palpitar;
Até já, catalisador de agonia;
Até já, poesia!
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