Alma morta.

 

Alma morta.

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E quando me ofereceste aqueles redondinhos

e eu inocentemente os tomei

(ou talvez não tão inocentemente), porque também me deixei suicidar

Lutei com todas as entranhas…escavava incessantemente para não ser consumida por aquela anulação…lutei, até esvair de cansaço, em frente à ovação daqueles que diziam me amar:

todos vós, indiferentes àquela agonia;

quebrou-se-me o espelho… e não sobrou mais nada, só, uma carcaça com ossos e pele que todos pensaram curar;

multidão iludida que se assume detentora da verdade.

(Serão mais lúcidos e mais vivos do que eu?)

Mas foi assim que sufocámos todo o meu ser …esgotou-se o oxigênio da minh’alma: aplaudam! Está MORTA!

Eu e toda a roupagem das minhas insanas emoções, todos os meus loucos sentimentos que me rasgavam até ao sofrimento confortável… sim, foi-se a seiva íntima da qual brotavam as minhas criações…

Onde está?...

Onde estou?...

Quem Sou?...

Quem é esta?...

…Quando voltarei a mim?

...Procuro-te incessantemente minh’alma…preciso ressuscitar, olhar-me ao espelho e reconhecê-la: viva, turbulenta, incansavelmente voraz, como quem sorve tudo o que de bom e mau a vida lhe traz no cálice da morte (assim mo apresentam)

Coitadinho deste coração que tudo aceita, tudo recebe, mas nada vê, é invisual;

engana-se, é enganado, magoa-se, deixa-se magoar porque tem de tatear os caminhos.

Que farei?...

Que escolherei?...

Porque tenho esta guilhotina a prender-me o pescoço?

Se é deste mesmo cálice que me vem a poção que me ressuscita e depois me mata, diz-me tu o que escolherias? Beberias dia-após-dia desta vida morta? Ou… morrerias de uma só vez!!! Fingindo para todos à tua volta aqueles passos que todos aplaudem como sendo a dança da moda desta sociedade: oca, seca, doente, pérfida e falsa…onde todos celebram nas suas máscaras num eterno carnaval; tristes marionetas, tantos com a alma morta…venenos sadios?

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