Hoje uns, amanhã outros.

 

Hoje uns, amanhã outros.

Português

Hoje já não tive a mesma força que tive ontem,
Hoje e todos os dias que passam,
são sempre uma incógnita no tempo que vou vivendo,
Hoje deixei-me estar deitado na pedra gelada que me acolhe por companhia,
estou cansado e já não tenho as mesmas vontades,
Hoje estou amargurado por tantas coisas deste mundo,
Não sou mais eu,
Sou um moribundo que se alberga por aí,
embriagando-me das coisas que não quero ver,sentir ou falar,
sobrevivo como um monte de esterco que se vai dissipando com o tempo,
não tenho ninguém que me ame ou que se preocupe comigo,
que me apazigue nesta triste solidão,
Sinto-me triste quando me olham,
desprezam-me como se não fosse gente!
Hoje não tive a mesma força que tive ontem,
fiquei deitado no meu canto a ouvir as melodias do meu estômago faminto,
Hoje nem ao caixote de lixo consegui chegar,
não tinha forças para me levantar,
já me tremem as pernas e doem-me os braços de tanto esticar a mão para pedir uma esmola,
sei que transando, mas já nem sinto, senão quando olho os vossos rostos e gestos,
Finjo que não vejo ou não me importo,
mais doí-me no peito tamanho desprezo,
Que sabem vocês acerca mim!?
sou apenas mais um moribundo resultado de uma razão, escolha ou consequência da vida...
sou mais um infeliz que tive este destino,
Não importa, pois nunca me vão entender.
Todos os dias são dias diferentes,
e não desejo à ninguém a má sorte,
Hoje fico por aqui, a dormitar na pedra gelada,
e se amanhã cá não estiver,
Sei que ninguém se vai importar ou até chorar,
Afinal, eu já não sou ninguém senão um fardo para a sociedade,
possivelmente suspirarão de alívio porque morri.
Hoje uns, amanhã outros...

Autor:Walter Aguiam.

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