Paixão ou Obsessão

 

Paixão ou Obsessão

Português
 
Tudo começou com uma brincadeira. Minha irmã e eu levamos nossos pais para uma estação de águas minerais e banhos medicinais. A cidade era pequena e não havia nada para se fazer, a não ser tomar banho de sol na praça do balneário, E foi isso que fizemos. Depois de algum tempo tomando sol, vimos um homem se aproximar, sentar em um banco e ali ele ficou a nos olhar. Lembro- me de ter dito à minha irmã que ele se parecia muito com o meu professor de inglês. Ele percebeu que havíamos olhado para ele e se aproximou. Ele se apresentou como sendo farmacêutico bioquímico e como minha irmã havia passado na mesma faculdade, a amizade se estabeleceu instantaneamente. À noite ele apareceu no nosso hotel e ficamos conversando por muito tempo. Quando voltei para a minha cidade, ele me acompanhou no carro dele durante toda a viagem. E a partir daquele dia, nos despedimos e ele passou a me visitar sempre que podia. Muitas pessoas me diziam que ele era muito namorador e eu ficava sempre na defensiva. Ele era muito insistente nas suas investidas e isso me incomodava, fazia com que eu me sentisse desconfortável. Ela aparecia quando eu menos esperava. Depois de um certo tempo, desapareceu. Eu me senti aliviada, mas foi por pouco tempo. Certo dia, eu estava abastecendo a minha moto e o encontrei novamente. Faltava um mês para o meu casamento. Quando ele soube disso, me propôs que deixasse o meu noivo e casasse com ele. Eu disse que não, que amava o meu noivo e não podia deixa-lo. Foi nesse momento que ele me disse que meu casamento duraria doze anos e que ele estaria me esperando. E foi exatamente isso que aconteceu. Pedi divórcio para o meu marido e voltei a viver na casa onde morava quando solteira. Tinha um casal de filhos. Certa manhã estava caminhando na rua com a minha filha, na época com treze anos e paramos para olhar uma vitrine. Do outro lado da galeria, percebi que um homem me observava. Ele saiu da galeria e caminhava a minha frente. Dava alguns passos e olhava para trás. Eu diminui o passo e ele continuou  a caminhar e a nos olhar. Eu imaginei que ele estava interessado na minha filha. Era inverno e ele usava casacão bem longo e chapéu. Em certo momento, ele tirou o chapéu e foi quando me veio à memória a imagem daquele homem que havia sido meu namorado. Quando ele parou, nos reconhecemos. Eu contei a ele que estava divorciada, apresentei a minha filha a ele e depois desse dia, nunca mais tive sossego. Ele nunca se casou, mas tinha um casal de filhos que moravam com a mãe perto da minha casa. Cada vez que ele visitava os filhos, ia na minha casa. Eu não sabia mais o que fazer para que ele entendesse que eu não queria nada com ele. Um dia ele soube que eu estaria me mudando para outro estado e ficou desesperado. Implorou para que eu fosse a um motel com ele e até me ofereceu todo o dinheiro que ele tinha no banco e eu continuei dizendo não. Ele não entendia por que eu não o aceitava, mas quanto mais ele insistia, mais eu dizia não. Ele disse que talvez nunca mais nos encontrássemos e de fato, isso aconteceu. Voltei a minha cidade alguns anos depois e fiquei sabendo que ele havia falecido. Fiquei triste ao saber disso, mas com certeza, nossos destinos só se cruzaram, mas jamais se entrelaçaram.
 
Débora Benvenuti
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