Vi(r)agens no Tempo

 

Vi(r)agens no Tempo

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Dou por mim a questionar as leis da física quântica, a tentar resolver mentalmente paradoxos temporais e a reflectir nas consequências de alterar um passado muito provavelmente incluído num sistema temporal em circuito. Demasiado confuso para uma mente acordada às quatro da manhã.

Sei que refuto a ideia de viagem no tempo baseando me no paradoxo causa-efeito. Se alguém viaja para o passado com o objectivo de alterar um determinado acontecimento para mudar o presente, assim que o fizesse, o motivo pelo qual viajou deixaria de existir, assim como a viagem.
Paradoxo.
E o que é o presente senão um espaço de tempo que tende infinitamente para zero? A cada instante transformamos o futuro em passado, sendo o presente um mero momento absurdamente fugaz e instantâneo. A ideia de viajar atrás no tempo para mudar o presente é portanto errada (?); viajamos atrás no tempo, para mudar um instante passado, não o presente.

Aplico o paradoxo da causa-efeito às memórias. Dou muitas vezes comigo a remoer certos momentos mentalmente, desejando que nunca tivessem acontecido ou que, pelo menos, pudessem ter sido diferentes. Ai, tão diferentes…Uma frase não dita, uma decisão melhor pensada, um beijo adiantado. E o paradoxo e o meu próprio metabolismo, entre umas quantas teorias físicas, impedem-me de alterar o passado, impossibilitando estas viragens temporais alternativas que crio e desejo.

Mas então, se nada posso mudar, porque ficar presa a um passado intocável e inalterável? Há que ter serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar.
Assim, livro me de memórias que quero, mais que tudo, deixar para trás.

Mas guardo em mim uma réstia de esperança louca de que, contra tudo o que acredito, eu consiga viajar atrás no tempo.

Sou atraída pela ideia de uma frase não dita, uma decisão melhor pensada, um beijo adiantado.

 

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