Talvez encontres em mim um pouco de fé, húmido archote que me faz duvidar. Talvez só existas no sentir de uma Leda, remanesças dum sonho doutra essência ou ardas no éter de um outro lugar.
Mar.
Abismo quebrado na dureza das coisas;
Arrasta-me.
Céu em espelho lançado em profundidade;
Roça-me a pele em estilhaços de noite.
Eleva-me à escuridão.
Acordo, se por acaso acordo, eis-me no vácuo.
Manto de orvalho sobre a terra gelada.
Faz frio aqui, entre a loucura e o perdão.
O ar move-se em mim, na altitude das cores que se evolam.
Não há na vertigem outro pensar senão o das aves; sou o que o vento segreda.
Afundas o olhar na indolência do longe.
Não tarda que a espera dilacere todos os agoras
Prismam-se na incerteza do vidro gasto.
Há um ir neste ficar
Leva-me contigo
Ao encontro das águas onde te deitas;
Desarma-me na noite posta.
Não digas que ao tempo sucede o tempo na soma das infâncias.
Deitas-te comigo
