O apeadeiro da solidão

 

O apeadeiro da solidão

Português

Encurvado,

o maligno cansaço entre as montanhas da dor,

lá longe o rio embalsamado procurando o luar,

desce a nuvem do sofrimento sobre a madrugada,

há lápis de cor embrulhados em pergaminhos transparentes...

começa a noite,

e encurvado... o apeadeiro da solidão,

só,

enlatado numa caixa de sapatos,

o mórbido alimento dos pássaros sem asas,

há tristeza nos teus olhos,

só,

há lâminas de silêncio onde habitam lágrimas de néon,

a cidade perde-se na algibeira nocturna das amendoeiras em flor,

e só...

vejo o apeadeiro da solidão desfalecer junto à ponte.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

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