Sapiência

 

Sapiência

Português

 Sei que pouco sei. O que já é algum saber.
 Desconheço aquilo que não sei, nem poderia conhecer.
 Sei da razão, à qual presto atenção.
 Não sei do medo, porque é um segredo.
 Sei do valor, que pode dar em amor.
 Não sei da desgraça, por mim ela não passa.
 Nem sei da vingança, não a tenho na lembrança.
 Mas sei, com toda a certeza, que se serve fria à mesa.
 E também sei da ambição, que aquece o coração.
 Gostaria de saber mais, não fossem os teus ais.
 Perco tempo à procura do que quero encontrar.
 Porque não sei onde está aquilo que me queres dar.
 Por isso, da minha vida sei muito pouco.
 Sei que sou saudável, mas algo louco.
 Sei que sou giraço, a caminho do fracasso.
 Penso saber que sou engraçado, quando calado.
 Ou que sou divertido, quando perdido.
 Há quem diga que sou feliz, pobre petiz.
 Porque não sabem que a felicidade é uma raridade.
 Mas sei que gosto de viver, se com prazer.
 E sei que gostaria de, um dia, não vir a morrer.
 Perguntas-me se sei de ti ou se te vou esquecer.
 Há perguntas difíceis de entender.
 E há respostas que pouco conseguem esclarecer.
 Não sei de ti, nem poderia saber.
 Se nem de mim sei, que mais poderia dizer?
 O que esperar do que não se sabe?
 Somente que, um dia, gostaria de vir a saber!
 Saber o que tens e o que deixas de ter.
 Saber da mentira. Saber da verdade.
 Quem sabe?...
 

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