Acaso

 

Acaso

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Acaso

 

Aconteceu, e por acaso as palavras ficaram surdas, por acaso a noite clareou e num sobressalto olhei-te de novo e eras mesmo tu… tu que estavas ali à minha frente à procura de ti em mim! Por momentos não reconheci a tua voz, o teu sorriso, as tuas mãos a percorrerem-me o olhar! Não tinhas fugido, continuavas a ser tu a manipular os meus sentidos, a voar sobre a minha pele! Acordei e eras tu que estavas deitado sobre a minha pele a reclamar um sorriso e um beijo prolongado… O amor não existia, senti-te na minha pele suada e sedenta de prazer. Aconteceu.

Não tenho como te fazer voltar… lamento! Baixei os meus braços, curvei o meu olhar, recolhi-te. Escondo-te e tu reapareces. Tenho saudades, saudades que te negam e que te querem… saudades punhais! Meu anjo, meu demónio de palavras soltas, navega até mim neste mar de sensações.

No meu abrigo existem momentos, contos de fadas. Dá-me a tua mão para um último passeio a dois!

Nunca foi perfeito, nunca houve vontade, na realidade, para que nos cruzássemos…

Os olhos ficaram pálidos, o desejo acalmou…

Já não desperto a tua ira, já não te consigo ressuscitar…até quando? Porquê? Queria poder desistir de ti, naufragar, perder-me…

Preciso que me dês espaço, que me deixes chorar, que me dês a oportunidade de me proteger e, contudo, de desistir de ti!

Deixa-me desistir do teu sorriso, da tua pele, do teu cheiro!

Amarra as minhas mãos ao teu cansaço…vamos sair, vamos esquecer que ainda há tempo!

 

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