Conta que eu te Conto

 

Conta que eu te Conto

Português
 
Para que eu te conte este conto, só posso começar a contar a partir da minha infância. Foi em uma daquelas suaves tardes outonais, que conheci a minha melhor amiga de infância, a Marli Andrade Milke. Éramos inseparáveis (colegas de escola) e a nossa adolescência foi cheia de encantamentos. Lembro-me que estávamos começando a entrar na adolescência e não tínhamos nenhuma informação sobre nada. Certa tarde, minha mãe saiu para uma reunião de igreja e eu resolvi dar uma olhada no roupeiro dela. Encontrei escondido em meio às roupas dela, um livro que explicava as posições do Kama Sutra. Fiquei imaginando o que poderia ser aquilo. A partir desse dia, passei a olhar escondida esse livro e tentar entender o que era aquilo. Estava ficando mocinha. Minha mãe nunca me falou nada a respeito de sexo e eu nunca perguntava, porque não sabia o que perguntar. Mas queria logo ser mocinha. Minha amiga Marli depilou as pernas pela primeira vez. Fiz o mesmo e como conseqüência dessa brincadeira, recebi algumas varadas nas pernas, com uma varinha de marmelo que minha mãe sempre guardava, para ocasiões como essa. Queria muito usar meias de seda, iguais às que ela usava e qual não foi a minha surpresa, quando abri a gaveta do meu roupeiro e encontrei o que julguei ser uma cinta-liga. Vibrei de alegria. Depois comecei a observar melhor para ver como vestia aquilo. Achei estranho. Parecia uma calcinha de plástico com umas presilhas. Não sabia para quê servia aquilo. Para usar as meias é que não eram, porque as presilhas eram como uma flecha, uma na frente, outra atrás. Foi depois que descobri que aquilo era uma calcinha porta-absorvente. E fiquei mocinha quando a minha mãe estava viajando e eu estava só com a minha madrinha Ondina. Não sabia o que era aquela coisa vermelha que escorria. Então ela me explicou. Foi aí que entendi para quê servia aquela calcinha de plástico encontrada na minha gaveta...
A nossa família era muito grande e eu tive poucas oportunidades de brincar com meus primos, Edson Fontoura, Beatriz F. Geyer, Denise Gambini, Paulo Fontoura e muitos outros, impossíveis de enumerar.
A infância passou rápida demais, em meio a tantas descobertas. Agora era hora de ir para o colégio, cursar os três anos de científico. Tínhamos uma turma maravilhosa e como não podia deixar de ser, as amigas com as quais eu mais convivi, foram a Araci Cunha (ginecologista), Marilene Taborda Tim, Sônia Nachtigall (engenheira química), Ione Maria Maso Benvenuti (hoje casada com meu primo Clodoaldo – ambos funcionários do BB) e a Fátima Ifarraguirre.
 Saía para a escola toda uniformizada, mas ao dobrar a esquina da minha casa, parava, enrrolava o cós da saia para ficar bem curta. A Ione até hoje se lembra disso. Diz que eu não usava saia, só um cinto bem largo, amarrado na cintura. Quando voltava para casa, o cós era cuidadosamente desdobrado, porque a minha mãe não deixava eu usar saia que não fosse dois dedos acima do joelho.
Cada uma de nós era possuidora de um dom especial: uma sabia mais matemática, a outra gostava mais de química, outra mais de física e assim por diante. Eu era acomodada. Gostava mais de escrever. Prestava muita atenção no que acontecia na sala de aula, depois fazia um jornalzinho com tudo aquilo que descobria, editava e depois colocava em cima da classe de cada colega. Assim, todos acabavam descobrindo coisas que ninguém sabia e o que era mais engraçado, é que ninguém suspeitava de mim. Éramos uma turma muito unida. Quase todas tinham namorado nessa época, menos eu. Um dia eu disse a minha mãe que iria arrumar um namorado. Fui com minha prima Beatriz a um baile de chopp na cidade vizinha de São Luiz Gonzaga. Nem sabia dançar, mesmo assim, logo o guitarrista do grupo que estivera a me observar, veio me tirar para dançar. Acabado o baile, ele foi me levar em casa. Ao se despedir, me deu o primeiro beijo de língua. Eu fiquei tão chocada, que sai correndo,bati o caneco de chopp na porta de entrada e trinquei o caneco. Minha preocupação maior era saber se não havia engravidado. Passei a noite matutando, mas depois resolvi perguntar para a minha prima e foi então que descobri que beijo não engravida. Ufa, que sufoco. Pensei logo na varinha de marmelo da minha mãe...
Fizemos vestibular e toda a turma foi aprovada. Fui morar em Santa Maria(RS) e lá fiz faculdade de Belas Artes, com opção em Arte Decorativa. Foi nessa época que conheci a Maria Cleusa Borges, a Liliana Marotto, a Joice Lopes, entre tantas outras grandes amigas. Mas a amiga com quem mais eu saia era com a Maria Cleusa. Era época das danceterias e costumávamos muito ir ao DCE, que era onde todos os universitários se reuniam para dançar,(não vou contar quem eu conheci lá, senão não termino o conto nunca – mas foi o grande amor da minha vida...). 
Antes mesmo de concluir a faculdade, comecei a trabalhar como professora de Educação Artística. A Núbia da Rosa era minha vizinha e colega de faculdade. Lecionávamos na mesma escola. Sofremos juntas um acidente de ônibus, indo para o trabalho. Quebramos o nariz, nós duas e outros sete passageiros do ônibus.
Depois da formatura, fomos perdendo o contato umas das outras e acabamos nos reencontrando aqui no Facebook. Eu casei, fui morar com meu marido Luiz Carlos em Novo Hamburgo e fiz grandes amizades por lá. Minha sobrinha Niliana Andreoli era menininha,nessa época, mas uma criança adorável. Conheci a Sheila Teixeira que foi uma grande amiga, da qual jamais poderei esquecer. Fiquei alguns anos casada. Como padrinhos de casamento e depois,padrinhos do meu filho,Rejane e Paulo Cezar Piccini. Tive um casal de filhos e como nos contos de fada, a bruxa acabou aparecendo e desfazendo o meu casamento. Pedi o divórcio e voltei a morar em Santa Maria. Quinze dias se passaram e meu ex-marido apareceu para visitar os filhos e voltamos a namorar escondido, pois estávamos divorciados e as crianças não iriam entender. Depois de três meses de namoro, meu ex-marido me pediu uma nova chance e acabamos voltando a morar juntos, em N.H. Mais um ano juntos e eu percebi que nada havia mudado. Era hora de retornar à Santa Maria,novamente. E aí que as coisas complicaram: a delegada de ensino me disse que ela não tinha nenhum professor para me substituir e que já havia me liberado uma vez,quando me divorciei,depois ela me aceitou de volta e me enviou para a mesma escola. Eu teria que decidir: Novo Hamburgo ou Santa Maria. E eu não tinha onde morar àquela altura dos acontecimentos. Minha amiga Sheila Teixeira estava trabalhando na Delegacia de Ensino e era muito próxima da delegada. Depois de muito conversar com a Sheila, ela resolveu me ajudar. Começavam as férias de verão e eu decidi ir embora sem a autorização da delegada. E foi neste momento que a Sheila se revelou uma grande amiga: conseguiu convencer a delegada que eu havia ido embora e que não voltaria mais.
Chegando à Santa Maria(RS),estava só com meus filhos. Depois de muitas idas e vindas à DE de lá,consegui uma vaga no Colégio Cilon Rosa. Fiz grandes amizades também lá: Rosa Dallasta,Sandra Inamar,Vera Madeira,entre tantas outras grandes amigas.
Em frente à minha casa, morava uma amiga chamada Marta Trevisan. Nossos filhos tinham a mesma idade e começaram a brincar e se tornaram grandes amigos. Tinham nessa época seus sete anos. Um dia, a Marta apareceu lá em casa e me disse que tinha encontrado o Evan Noah e o Yago, filho dela, escondidos embaixo da cama,  olhando uma playboy (era do outro filho da Marta,que já era adulto). Passados alguns dias,meu filho me disse assim,sem mais nem menos: Mãe, o que é sexo? Eu fiquei tão chocada com a pergunta dele, que meu queixo começou a tremer e eu não conseguia dizer nada. Enquanto pensava numa resposta para dar a ele, resolvi explicar para ele assim: - Filho, existem meninas e meninos...ao que ele respondeu: Isso eu sei,mãe! Eu quero saber o que é S.E.X.O! Eu sei que tu sabe e até já fez e não quer me dizer! Foi nesse momento que eu comecei a rir sem conseguir me conter e quanto mais eu ria (de nervoso por não saber o que dizer a esse menininho de sete anos), me lembrava de quando eu descobri o livro dentro do roupeiro da minha mãe...
O tempo foi passando e os meus filhos já estavam entrando na adolescência. Para mantê-los em casa nos finais de semana, abri um cyber café e deixei os dois administrando. Não trabalhamos setenta dias e o cyber foi arrombado e todo o meu investimento foi para o ralo. Era hora de recomeçar novamente. Foi então que meu irmão Davi Nathan me convidou a vir morar em Cascavel/Pr, onde estou até hoje. Como não tinha feito amigos ainda, passava os dias no computador. Foi nessa época que resolvi fazer um blog que se chamou “Sonhos em Poemas”. Foi editando meus poemas que fiz grandes amigos virtuais (fiz um vídeo com o mesmo nome dedicado a eles): José Carlos (amigo de muitos anos) Riceti, Marinez e Jorge Bohaczuk, Dirce Saléh, Leandro Flores (poeta e escritor), Cláudia C.Mendonça e Llyz, Stefany Anjos,além do poeta e amigo, Gerson Almeida (fizemos alguns duetos juntos),Claude Forgeron e tantos outros, todos amigos maravilhosos,que me incentivaram a escrever “O Acendedor de Corações”,meu primeiro livro de poemas,que foi editado em Portugal, graças a um desses amigos virtuais. Esse amigo nunca me deixou revelar o nome dele. Fiz muitos amigos em Portugal, entre eles Adelino Manuel, que pensa que jamais irei à Portugal. Diga aos amigos que vou...não que fico!
Outros tantos amigos conheci no Orkut, como a Rose Souza e no Facebook, inúmeros.Entre eles, a Eliana Benvenuti Trombetta, Giselta Veiga(escritora), Enock Santos,Renato Prestes e por último, no Badoo, o meu amigo Antonio Salm.
Este conto foi escrito como uma brincadeira, onde alguns amigos toparam participar. Os demais que não foram citados, estão bem guardados na minha lembrança e no meu coração.
 
Débora Benvenuti
 

 

Nota: Alguns amigos foram somente citados, para não alongar muito o conto...Espero ter vencido o desafio ...
Género: 
Top