A Esperança e a Depressão

 

A Esperança e a Depressão

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A Esperança acordou animada. Calçou os chinelinhos e se levantou da cama. Espreguiçou-se e foi abrir as cortinas do seu quarto. O dia estava lindo. O sol se infiltrava por entre as persianas da janela e desenhava lindas figuras na parede.Tudo parecia perfeito. Depois de se vestir, a Esperança saiu cedo, como sempre fazia. Adorava respirar o ar puro a cada manhã. Isto a fazia sentir-se bem e era muito bom começar o dia assim. Havia uma alameda coberta de folhas secas que mais parecia um tapete e era por lá que a Esperança adorava caminhar. Por onde andava, encontrava os amigos e ia espalhando mensagens de ânimo a cada um deles. Nessa manhã, deparou-se com a sua amiga Depressão, que há muito tempo não encontrava. Ela estava sentada embaixo de uma árvore, absorta, olhando fixamente para um ponto indefinido e não percebeu a Esperança ao seu lado.
- Posso ajudar, amiga Depressão?
Sem esperar resposta, a Esperança sentou-se ao lado da Depressão. Recostou-se no tronco da árvore onde a amiga se encontrava e ficou esperando que ela falasse alguma coisa. Como não obteve resposta, pensou em alguma coisa para dizer. Precisava induzir a Depressão a contar o que a afligia tanto, mas o silêncio da amiga começava a preocupa-la. Depois de alguns minutos em silêncio, a Depressão falou:
- Não consigo pensar em nada que me interesse. Fico horas observando o nada e nada acontece.
- Você já procurou ajuda de um profissional?
- Ninguém pode me ajudar, falou a Depressão, olhando fixamente um ponto que só ela podia ver.
- Às vezes também me sinto assim. Na verdade, acho que todos nós em algum momento nos sentimos assim, sem ânimo para nada.
- Mas eu não consigo fazer as mesmas coisas que fazia antes. Sinto-me cansada e não consigo me concentrar em nada.
- Pois devia fazer um esforço. Por que não tenta levantar, caminhar ao meu lado, enquanto conversamos?
- Até para caminhar me sinto cansada. Nada que eu comece, consigo terminar.
- Pois vamos tentar juntas, disse a Esperança, estendendo a mão para a amiga, para que ela pudesse se levantar.
A Depressão aceitou a mão que a amiga lhe oferecia. Levantou-se com algum esforço e se pôs a caminhar ao lado da Esperança. Depois de algum tempo calada, a Depressão percebeu que as coisas não pareciam tão ruins como antes.
A Esperança corria alegremente à sua frente, fazendo tantas piruetas que a Depressão acabou achando graça da amiga. Primeiro, foi só um sorriso tímido que aflorou aos seus lábios. Depois, foram sonoras gargalhadas que se podia ouvir a quilômetros dali. As duas riam alegres e despreocupadas. Por um momento, a Depressão esqueceu dos seus problemas. Era tão bom poder conversar, rir de pequenas coisas e não pensar mais em nada. As duas seguiram conversando animadas. Quando se despediram, a Esperança novamente aconselhou a Depressão a procurar um médico e a seguir o tratamento direitinho. Fazendo isso, em pouco tempo ela estaria novamente vendo o mundo com outros olhos.
 
 

 

Débora Benvenuti
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