Menino Reguila

 

Menino Reguila

Português

Possuía uns olhos claros e doces, que brilhavam quando sorria. Os seus lábios não precisam de mexer-se para sorrir, pois aquele olhar de menino rebelde sorria por todo o corpo.
Empenhado e apaixonado pelo que fazia, absorvia-se a cada projeto centrando-se no ‘eu’, um 'eu’ que se via complementado em ajudar o próximo, nos ensinamentos que cada vivência, cada momento, cada saída lhe traziam…
Não era difícil adivinhar-se, enquanto se refugiava num mundo virtual, a sua incapacidade de se desligar do mundo tornava-o único, bem como a sua teimosia… O compromisso era algo que valorizava acima de tudo e a falta dele motivo para ir embora, gostava de se ver rodeado de pessoas, não sabia o que era estar sozinho, não valorizava a solidão, a sua mente era feita de pequenos segmentos que nunca paravam, que faziam de tudo para escapar a pensamentos mais importantes.
Refugiava-se em paixões para se sentir vivo, paixões que dizia deixar livres, mas que secretamente temia que se fossem embora… Era feliz à sua maneira mas o sentimento de incompleto fazia-o querer ver e aproveitar tudo como se fosse o dia acabar.
Era uma pessoa que se dizia fácil mas de uma complexidade única, de uma necessidade de atenção e esquecimento inigualáveis, a vida tinha que tocar na sua música, onde não existia um botão de stop, apenas um cemitério de velhas paixões que preferia guardar junto a si, e à medida que aquele corpo partia ele caminhava rumo à descoberta de um novo…
Não havia dúvidas do seu grande coração, nem da sua dedicação, mas na realidade nunca se dava totalmente a ninguém, no medo, no receio de se magoar, no medo de se perder a si e à sua essência… era feito de palavras por dizer e de ausências secretas mas sempre sem ouvir o que realmente a sua criança interior queria… o seu eu interior era seu, e não o partilhava com mais ninguém…
Sorrir com ele era fácil, apaixonar-se também, entrar no seu verdadeiro ser uma missão impossível…

Ainda assim ousei querer entrar na sua vida, abraçá-lo e amá-lo quantas vezes me foram permitidas

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