Noé 1.2

 

Noé 1.2

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Noé 1.2

 

 

        Conheçam o Noé 1.2 no exacto momento em que a sua vida mudou por completo. Estamos no ano 2014, sentados na mesma mesa do Noé, na tasca da dona Maria das chamuças. Uma chamada telefónica mete tudo em alvoroço. -Estou, estou, quem fala? ( aqui tenho de abrir um parêntesis porque o Noé sabia bem quem estava no outro lado da linha. Deus. Ligara-lhe vezes sem conta nos últimos dias para comprovar a afinidade e agora a conversa era corriqueira, tu cá tu lá. Ha e tal, o que é que tens feito, dormiste bem, tiveste alguma coisa a ver com aquelas criancinhas em Africa, mais ou menos estava com uma gripe do caraças e distraí-me com o masterchef mas compensei com uns chineses e dois ou três milagres, e tu como é que te corre a vida, já arranjaste emprego, ainda não, ok, é chato e tal e até te ajudava a mas meti-me numa divida do caraças com aquela cena do dilúvio.)
Bom, todos já tivemos conversas destas ao telefone, com ou sem Deus, com ou sem telemóvel ou com mais ou menos água mas apenas alguns com um pedido deste tamanho. Deus, ligeiramente equivocado deixou prescrever a divida que mantinha com a companhia das águas e desde a ultima vez que decidiu dar uma lavagem à merda que tinha feito no mundo anterior ainda não tinha efectuado um só pagamento. Vai daí e dispara:

- Preciso que me faças um aquário gigante! Vem aí uma seca do camandro.

Noé e o pessoal da tasca foi um a ver se te avias ( aqui na tasca meto outro parêntesis, a tasca da dona Maria pode até ser a que você conhece mas não saber do aquário é normal, além dos que lá estavam que opinaram na construção do dito o resto só a parte interessada, o peixe e afins, tomou conhecimento, por mail, carta registada ou gaivota-correio).
E foi um correrio, ora de deveriam usar a piscina do Sr. Manuel do ferro velho que à conta de uma consistente lavagem de dinheiro tinha a maior vivenda das redondezas, ora se o Alfredo vidraceiro desenrascava umas placas de tamanho impensável, de tanto por muitos metros de diâmetro. Ora aqui estava o busílis da dita, a primeira contagem das espécies passava já de dois milhões quando o Alfredo se lembrou da esposa, esta peixeira reformada. Sardinha, carapau, pescada, bacalhau, garoupa, atum, corvina e outros que tais ficaram logo despachados, marisco, moluscos e crustáceos vieram logo a seguir. O resto da peixarada tinha que ser garantida pelo Tozé, pescador de fim de semana e como qualquer pescador quando fala de peixe, mentiroso a tempo inteiro. Este garantia que à rede apanhava tudo, inclusive Baleias e Tubarões, sem problemas e pelo preço justo. 
Faltavam uns quantos milhares de peixes e possibilidades quando a dona Maria decidiu fechar a tasca, a noite já ia alta e a matemática para tal façanha ultrapassava em número os fiados disponíveis. Imaginei facilmente que a Dona Maria acolhia diariamente aparato semelhante que a mim tocava pela primeira vez. Que estavam bem desenrascados quando eu saí da Tasca posso garantir que sim quando alguém comentou a diferença entre os peixes de água doce e salgada e o inconveniente da morte evidente de um enorme número de espécies que reparo admirado no canto menos iluminado do espaço um já reformado Moisés que tentava engolir a ultima chamuça da noite afirma que a recibo verde podia sem problema separar de novo as águas.
Para a semana volto lá para ver o adiantado da obra. 
Até porque fiquei responsável por trazer a ameijoa.

Rui Henriques

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