O imaginário da força

 

O imaginário da força

Português

Sinto vontade de perder tudo. Como se nada tivesse dado trabalho a construir, como se tudo não fosse mais que uma sorte. Sinto vontade de adormecer em todos os momentos do meu dia, adormecer para as pessoas, para os sitios e os problemas.

Talvez devesse desistir e deixar-me ir por esta sonolência vazia de responsabilidade, de objectivos, de vontade. Mas todos os dias, a todas a horas, há uma brisa (serás tu?) a empurrar-me, a acordar-me, a fazer-me continuar. E, embora, esse sopro me faça avançar, destrói-me mais um bocadinho. É feito de um vento rude, que fustiga a cara, que me magoa os braços e me tira a força das pernas para andar. E é já quando estou no chão, numa desistência inerte, sem competências motoras ou mentais para me erguer, que te vejo a olhar aí de cima para mim. Sorris-me, como quem troça do meu desmazelo, e dizes-me numa voz serena e de embalar: anda, amanhã tens tudo para fazer outra vez. Estarei aqui.

...Todos os dias acredito em ti, espero que apareças.

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