O Posto do Correio da bonita Aldeia de Estoi

Quando alguém me pergunta: Como é fulano? É simpático? É bonito? É inteligente? Penso sem exteriorizar: Depende!

Na realidade, avaliando por mim própria sinto que não sou sempre a mesma em todas as ocasiões. Não é que me considere uma pessoa falsa … não é disso que estou a falar! O que quero dizer é que me sinto e reajo, naturalmente, de forma diferente e não premeditada perante diferentes pessoas e/ou diferentes locais.

Paradigmático, para mim, é a história de um amigo meu, que vive na bonita Aldeia de Estoi, em Faro, e que envolve o Posto do Correio dessa Aldeia. Quase sempre que o meu amigo lá vai tem de acontecer algo de anormal relativamente ao seu comportamento.

A Dona Joanina, a Senhora do Correio, deve pensar, no mínimo, que quando o meu amigo nasceu devem ter usado fórceps e os malvados devem ter feito alguma pressão indevida em alguma parte do seu cérebro.

Uma vez o meu amigo fez uma encomenda e mandou uma carta, com aviso de receção, quase na mesma altura. Para seu azar, o aviso de receção chegou primeiro. Como os papéis do aviso de receção e da chegada de encomenda são muito parecidos (pelo menos para o meu amigo!), ele meteu na ideia – sem olhar devidamente – que o que tinha chegado era a encomenda. Já podem imaginar a vergonha que ele passou. Quando chegou a vez dele na fila do correio e entregou à
D. Joanina o Aviso de Receção ela logo perguntou: Mas está-me a dar isto porquê? – Venho levantar esta encomenda! – Mas qual encomenda? Isto é um Aviso de Receção!!!

Outra vez, o meu amigo precisava enviar um documento A4 com urgência e foi ao correio comprar um envelope A4 de correio azul, portanto um envelope mais caro do que o normal. Depois de colocar o documento dentro do envelope e de preencher devidamente o remetente e o destinatário, pediu à D. Joanina para registar a carta, ao que ela respondeu: Mas porque é que comprou um envelope de correio azul se ia registar a carta? A carta registada tem a mesma prioridade que o correio azul, por isso se ia registar a carta não precisava de um envelope de correio azul…

Mas a pior de todas – ou a melhor, dependendo da perspetiva – foi quando ele meteu na ideia que o Posto dos Correios fechava às 17h20. Na realidade, as 17h20 é apenas o limite para o envio de correio azul e o Posto fecha às 17h30. Então chegou, a correr, à entrada do Posto dos Correios às 17h21, ou coisa que o valha, e estava tão convencido que o Posto do Correio já estava fechado que nem experimentou abrir a porta. Olhou pelo vidro da porta e viu umas pessoas e começou a fazer, cá de fora, sinais à D. Joanina, do género: Deixe-me entrar se faz favor! Só passou um minuto! Vá lá! Imaginem todo este discurso implorativo acompanhado da devida gesticulação. Tal foi o seu espanto quanto viu que uma das senhoras se aproximava, hesitante, da porta – talvez com medo daquele homem tão estranho – e abrindo a porta lhe disse: mas não entra porquê? A porta está aberta!!!

Definitivamente, não sei porquê, não é normal o comportamento do meu amigo no Posto do Correio da bonita Aldeia de Estoi.