O que resta de mim

 

O que resta de mim

Português

Nesta noite vagabunda, sou apenas mais um vagabundo.

Delicio me neste vinho que me acalma o espírito. É apenas mais uma uva calcada, amassada, triturada até ao limite.

Assim eu nasci!

País derrotado, noite ao relento, sem algibeira,  desempregado, ainda agarrado ao escudo, foda –se...

E sobrevive assim...

Em mais um gole da vida, bebo até cair para o lado, tropeço, na estrada , já sem chão  visível.

Ando em curvas andarilhas, encruzilhadas de risos,  na minha solidão.

É nítida a minha embriaguez, de espírito , da alma, de um coração sem dono, adormeci assim!

Perdi me nesta noite, vazia , sem ninguém na minha rua, decidi apenas fechar a porta da alma,  cansei de lutar e percorrer a minha terra, fiquei sozinho, neste lugar.

Amo te mulher...

Amei te cidade, minha , flor do meio jardim.  Pétala viva, que vejo em mais um gole. Carrego o álcool,  sou vagabundo, a tombar por tudo que é lado, a cair de bêbado.

Quero,  o amor repentino, tenho urgência nesse horizonte, por favor, liberta me desta chama que me consome, deixa -me  sombras, pela falta de coragem, que eu julgava ter. 

Desculpa...

 

Por ti vida, brindamos sozinhos, em mais um gole.

Ó lua , brinco contigo , na noite, que me consome, pelo frio , de ter que dormir contigo .  Ao relento, lavo -me na chuva de uma embriagues,  é inverno e aqui estou eu , com mais uma dose deste vinho, que me deixa assim, bêbado á espera de ti.

Anestesio esta dor ...

E conto as estrelas, numa noite de verão, adormecido , neste chão, perdi ...

Ó pátria pelo que eu tanto lutei. Merda , sou um bêbado com sentidos, embriagados ... 

Foram muitos os que me calcaram , que me permitiram ser a delicia com que acalma o meu paladar, amargo este vinho que sinto, como cheiro , tem um bafo asiado, fujam desta merda de vida, desorientada , mentirosa, nem quero sentir.

 Mais uma pinga, desse álcool, que me deixa derrotado.

Sou , sou...

Amargo pedinte,  e bêbado, solto uma mão na rua , á espera de esmola.

 

Fugi de ti, guerra violenta que me consome, em mais um eco  que sinto ao nascer do sol.

É dia de não ter mais historias para contar, e escondo me, nesta rua, na pura escuridão, que me levou.

 

Maldito és tu, que não me vês.

Foram muitos os que me calcaram , que me permitiram ser a delicia com que acalma o meu paladar, amigo este vinho que sinto, como cheiro , tem um bafo asiado,

Amargo pedinte,  sem roupa, sem casa, despido, de um futuro que não vejo...

É nítido, tudo o que me consome.

 

 Solto uma mão na rua , á espera de esmola.

Quem sou eu afinal?

Olha- me nos olhos , e diz me?

Que ainda hoje encobre o mal que se apoderou de um país.

 

É amargo , este cheiro que percorre a cidade! Abraço- me num cobertor, como o relento em que durmo na noite azedada.

Cubro- me das estrelas que não me deixam ir para casa. Um aperto no estômago , porque não matei a fome.

Vagabundo , da noite assim me chamam.

E até que a morte nos separe.

 

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