Muitas vezes as letras vão se agrupando e formando estranhas palavras, que muitas vezes não são ditas. Calam-se, por não saberem exatamente o momento certo de se expressarem. E caladas permanecem por um longo tempo, até que alguém ouse pronunciá-las. Então o silêncio é quebrado, como um grito agonizando no escuro. E a palavra vai ganhando forma e a cada vez que é pronunciada, soa de forma diferente. Poucos são os que entendem o seu significado e mesmo sem entenderem, vão passando adiante, como se a palavra fosse algo sem importância e cada vez que é dita, vai se transformando e seu significado é decifrado como se fosse um enigma. Eu entendi assim, da forma que me foi dita, dirão alguns. E mesmo sem terem certeza do sentido da palavra, ela vai crescendo como uma bola de neve, sem que ninguém consiga fazê-la parar de rolar. E a palavra, quando compreende que foi mal interpretada, não sabe que argumentos usar, para dizer que não foi esse o sentido real de sua expressão. Levada pelo vento, vai rolando de boca em boca, feito palhaço de salão. Todos riem, para que ninguém perceba que a palavra que foi dita, não tem nenhum significado. Serão todos seres incultos ou não usam a palavra, por desconhecerem o seu real significado e quando o entendem, por fim, calam a palavra, para que outros não percebam que foram enganados, pela palavra que nunca foi dita?
Débora Benvenuti
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