A vaca dos Açores

 

A vaca dos Açores

Português
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A vaca dos Açores

Os Açores são um conjunto de pedacinhos de terra rodeados pelo oceano atlântico. Esses pedacinhos de terra, nove para ser mais exata, rodeados por mar chamam-se ilhas. E essas nove ilhas, chamam-se Arquipélago dos Açores e pertencem a Portugal , sendo assim os Açorianos falam português.

Nos Açores existem golfinhos , baleias, vulcões e lagoas maravilhosas de água quentinha onde podemos mergulhar infinitas vezes sem corrermos o risco de ficarmos com os lábios roxos! Também existem vacas malhadas...branquinhas com manchas pretas que pastam em campos verdes e simbolizam os Açores.

A vista é tão bonita que fica gravada na mente dos visitantes para sempre como se de um feitiço se tratasse!

Foi lá que ouvi a história da «A vaca dos Açores» que vos vou contar já, agorinha mesmo:

Era uma vez uma vaca dos Açores que se chamava Malhadinha. Já repararam como Malhadinha rima com a palavra ervinha? Pois é, é que Malhadinha adorava comer a ervinha verde enquanto ouvia as ondas a baterem nas escarpas encostas, rodeadas de flores de tantas cores como as do arcoíris .

Malhadinha costumava dizer: “Como mais erva que qualquer outro animal, mas se eu não existisse, adeus pequeno-almoço!”.

Malhadinha apesar de não saber falar à moda de São Miguel, pois tinha nascido na ilha Terceira, era uma açoriana culta. Gostava de contar histórias aos bezerros, e estes pequenos toiros e vaquinhas tão irrequietos, escutavam-na atentamente.

Um dia Malhadinha acordou com a voz do vento que lhe dissera para ter cuidado pois uma tempestade aproximava-se. Mas Malhadinha preguiçosa como era, demorou a procurar refúgio. Enquanto bocejou olhou para a costa e... ficou aterrorizada! Nunca tinha visto o mar tão bravo.....e assustou-se com o tamanho das ondas.

Decidida a fugir das ondas gigantes, correu mais depressa que podia com o peso do leite, pois naquela manhã ainda não tinha sido ordenhada. Mas afinal o perigo não estava nas ondas, mas sim no forte vento, o vento que a tinha avisado...Com uma rajada de vento implacável Malhadinha perdeu todas as suas manchas pretas.

Por fim, a tempestade passou. Já diz o ditado popular que depois da tempestade vem a bonança.

No entanto, as lindas manchas da Malhadinha não voltaram. Malhadinha, de espírito açoreano tomou a decisão de não se preocupar muito com a perda. É preciso recordar que Malhadinha nasceu na ilha Terceira, e lá pela ilha costumam dizer: “Quem sabe sorrir, sabe viver”.

Decidiu então aproveitar os raios de sol para pastar e de seguida dirigiu-se ao riacho para beber àgua. Quando olhou para o seu reflexo na àgua, ficou espantada, tinha se tornado num lindo animal todo branquinho como a neve. E tão elegante que seus cascos a andar já não faziam o mesmo barulho, tal como a neve cai leve e fria no chão, sem fazer barulho. Assim orgulhosa da sua nova forma animal confundiu-se com um cavalo...um lindo e elegante cavalo branco. Enfrentou os restantes animais à moda de Amália Rodrigues de queixo erguido.

Os animais riram-se e Malhadinha sem se importar disse: “sou um lindo cavalo, se vocês não conseguem ver é porque o vento desenhou-me sem borracha”. E pensou com os seus botões, Deus que me dê paciência e um pano para a embrulhar!

Um dia resolveu caminhar por entre o campo dos porcos Pata Negra. Sempre os achou muito convencidos e por isso ergueu o seu lindo pescoço de cavalo numa postura muito elegante. Realmente a postura era elegante, mas um pouco complicada para uma vaca baralhada...Malhadinha tropeçou e catrapumba, caíu ali no meio de estrume e lama. Resultado ficou toda pretinha, sem manchas de alguma cor.

Os animais riram-se e Malhadinha sem se importar disse: ”Sou um toiro, se vocês não o conseguem ver é porque a lama o desenhou sem borracha”. E pensou com os seus botões, palavras, leva-as o vento!

E como uma boa Açoreana, nascida na Terceira, lembrou-se do velho ditado popular: “Quem sabe sorrir, sabe viver”. Assim Malhadinha seguiu o seu caminho até ao ribeiro para poder mirar a sua nova e brava figura. Enquanto contemplava o seu reflexo nas límpidas, àguas sorria...era engraçado uma vaca Malhada transformar-se num valente e temido toiro.

Um pouco mais tarde, Malhadinha começou a sentir saudades dos risos das crianças, pois as crianças agora temiam a sua forma de toiro bravo. Também sentiu saudades do vento na sua pele, pois agora a pele de toiro era demasiado áspera para sentir o vento. Acabou por adormecer um pouco triste embalada pelas saudades.

É importante lembrar que o clima dos Açores é bastante instável e chove frequentemente, mas também faz muito bom tempo. Os locais até costumam dizer que faz as quatro estações no mesmo dia, o que não deixa de ser verdade! É possivel termos de ir ao pão de guarda chuva, a seguir dar um mergulho numa lagoa ao sol e ao fim do dia dar um passeio já com um agasalho vestido. Ou seja, o clima é temperado marítimo.

Assim sendo, era de prever que a chuva nao tardava. A chuva chegou , molhou e lavou Malhadinha. Quando os raios de sol reapareceram, Malhadinha ficou surpresa ao reparar no regresso das suas lindas manchas pretas a enfeitar o seu pelo branco. Malhadinha voltou a ser uma linda vaca malhada típica dos Açores. E sentiu-se feliz por tal. Pois cada um é para o que nasce, e já tinha saudades de comer mais ervas do que qualquer outro animal e de saber que se não existisse adeus pequeno almoço.

 

 

Conto Infantil escrito por

Nixa Roriz

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