Olhei para o relógio mais uma vez. Faltavam quinze minutos para a hora certa. Para mim faltam quinze minutos para o fim.
Sentia que estava a acabar, sentia como um batimento cardíaco, compassado. Uma bomba prestes a explodir.
Catorze minutos. Sinto-me inchar enquanto os minutos passam dando-me a consciência de que o tempo era a única coisa que não conseguia parar.
Doze minutos. Olho desesperado para o termómetro, talvez a entrar num estado de alucinação porque no meu delírio o costumava confundir com o relógio e alegrava-me por vê-lo parado, estável. Sempre numa temperatura estável, talvez única. Lembro-me que em toda a minha vida ( curta, infelizmente ), nunca o vi mudar de medida, e creio que jamais irei vê-lo, agora que já faltam... quatro minutos. Meu Deus, quatro minutos!!!
Está mesmo a acabar. Queria despedir-me de alguém mas não tenho ninguém a quem dizer adeus.
Adeus Mundo cruel. Mundo que não me quisestes. Mundo que por momentos me desejaste mas optaste por quem estava ao meu lado. Um Minuto.
Trinta segundos ... vinte ... quinze ... cinco, quatro, três, dois, um. Acabou o prazo.
Bum, digo eu desejando explodir.
Só me resta que façam de mim um queijo.
Detestei ser iogurte.
Rui Henriques
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