Vladimir

 

Vladimir

Portuguese

Passam transeuntes e turistas varridos;

Passa a brisa e o olhar dos mendigos.

Passam cavalos e seu ar de martírio

E as gentes esnobes que desfilam delírio.

As notas ecoam e invadem ouvidos

Que se fazem ajustados; os mais providos.

Cada sopro é um esforço: um grito de alívio

Que esbugalha os olhos e faz tremer os cambitos.

Passam os carros; seus roncos poluídos

Que lhe ofuscam as notas mas não lhe tiram o brilho.

Passam as modas, a chuva, a neve e o frio;

Passa o verão, esmorece-se o brio.

E passam os anos e renova-se a vista,

Mas no coração da cidade nunca passa o artista.

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