É seguro lá fora?

 

É seguro lá fora?

Português

Não sei como deambulo e murmuro o que faço e digo.
Não consegui encontrar noutrem, para mim, aquela capacidade de compreensão.
No entanto, como se ao não vos responder, tudo deixasse de fazer sentido,
Cedi-me aos vossos fatums, desejando a razão.

Não sei bem que caminho tomo, nos dias que correm.
Está calor lá fora – mas como tão diferente sou para vós – está frio dentro de mim.
Sinto que nem sinto e que à boca fechada estes pensamentos morrem.
Sinto que sabem que a época em que vos pertencia, chegou ao fim. 

Eu gostava de falar mais alto que a minha própria voz.
Eu gostava de falar. Ponto. Deixar de estar assustada.
Porque se tal acontecesse, significaria que, finalmente, a vós,
Não só revelar-me-ia, como verdadeiramente livre vos desafiava.

Não é que sinta medo… Não é mesmo o medo que me assusta.
É a certa manufactura brusca das palavras, que me custa…
E custa porque a apatia e submersão em águas turvas que se observa
É parva e idiota e, bom, penso que é isso que na verdade me cega ao recôndito mundo de Joana. E enerva!

No fundo, há uma revolta mental em mim, e isso já o foi dito mais que uma vez.
Penso que, no fundo, tenho um batalhão a segurar aquilo que sempre quis,
E outro batalhão a atacar-me com o que devo ser. E o mal que ele já me fez…!
Contudo, creio que que “quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita”, e a sabedoria popular assim o diz.

Por isso, deixai-me calada, no meu mundo profundo e metafórico, como o designais,
(Como se por acaso soubésseis o que “metafórico” na verdade significa)
E analisai-me casuisticamente, com agrura,
E deixai-me a ouvir as besteiras que falais.
Assim, na minha pequena tela de lunática, vos pinto,
Como os modernos chacais da literatura. 

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