(1820)

 

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1820

O mal deste mundo é nem tudo rodar à volta dele,
Por sinal a mim tudo volta excepto o que mais desejo,
Voltar ao mundo segunda, terceira, quarta vez e sempre,
Por isso escrevo detrás pra frente e não de frente pra trás

Mas sempre contra a rotação do planeta pra ser diferente
De toda a gente na Terra e em tod’a roda desta e sempre
Com a lógica de um relógio de água na metafísica de Escher,
Menos arbitrário o pêndulo que Foucault, e o universo 

Tão mais próximo quanto o supúnhamos longínquo
Ou tão a Norte, o mal deste mundo é nem tudo rodar
À volta dele, de mim tampouco, sou o que sente,
Cumpro o ritual das cearas, Copérnico das velas 

Crescendo, solto no ar o que parece ciência sem ser,
Ninguém me conhece tão mal quanto eu, mesmo
Os meus segredos me metem medo sendo a fingir, 
Tomara este mundo possuísse longas pernas

E umas mãos de metro e meio, pra me segurar eu,
O mal deste mundo é nem tudo rodar como roda
Esta pedra redonda, que é meu coração moinho/nora 
Por isso escrevo detrás pra frente e de frente pra trás …

(Joel Matos 1820)

Joel Matos (05/2018)
http://joel-matos.blogspot.com

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