Calor eterno

 

Calor eterno

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Sente-se chegar um vento. É uma nortada que castiga a pele com dedos frios e me entra pelos olhos numa invasão gelada. Sinto-me então ave em céu escuro e nasce um inverno no meu íntimo; sou neve a descansar em ramos de árvores, sou rio congelado com um mundo inteiro em mim escondido. O meu cabelo é chuva caindo em gotas pelo vale do meu corpo, e o meu coração é lareira em noite de Natal. Sou animal no abrigo do ninho encontrando o calor de um fogo que há sempre dentro de mim, seja qual for a estação do ano que me atravessa.

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