A Preguiça

 

A Preguiça

Português

As paredes frias, amareladas; sujas, rabiscadas e decoradas.

Cansadas de tantas resmungadas; saudades em retratos e papéis ilustrados,

As novas ideias já desbotadas; as obras mortas, emparedadas,

Os montes de virtude inutilizada, restos de comida carcomida.

Os trapos fedidos com que eu me visto, espalhados e amassados,

Tresandam a perfumes amaldiçoados.

Livros desonrados e abandonados, poesia mofada, sem rima e cadência;

O cheiro da inércia e da indiferença; o talento disperso e desperdiçado,

Os planos ousados, todos mitigados; a janela que sopra o vento da madrugada,

Que traz arrepios e calafrios e me convida à vida que eu olho de soslaio;

E abre a porta por onde eu não saio.

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