Quem sabe...

 Gostava de ouvir
 algo dito por ti...
 Algo que me envolvesse
 perdoasse e esquecesse
 os pecados vividos
 por mim...
 Gostava que gritasses
 as mágoas guardadas
 nesse peito feito dor...
 Libertando, desse jeito,
 as sombras acumuladas
 nas margens deste rio,
 sem leito...
 Preferia que me olhasses
 com tiros de raiva
 capazes de me apagar...
 Que me escondesses
 no fim do teu inferno
 e atirasses, sempre
 que quisesses, este meu corpo,
 ao mar...
 Procuro descobrir
 as razões que me levaram
 a todo este sentir...
 mas só encontro falésias
 escondidas, amnésias
 perdidas no tempo
 do meu olhar...
 Quem sabe, um dia,
 consegues descer até mim!
 Gritar, bater, esquecer,
 fazer esta dor que te abraça
 morrer para sempre, enfim!...