P

 

P

Portuguese

Foi num dos conhecidos torneios de jogos não tão legais na sua mansão de família que o conheci. A afeição que lhe ganhei foi instantânea.

 Sempre com whisky da melhor qualidade e num copo já gasto , enterrava-se na sua poltrona de couro a tamborilar os dedos na mesa sempre com desconforto pois perdia imenso dinheiro nesta atividade, apenas queria estar com companhia independentemente de qual fosse, não queria estar sozinho na prisão da sua casa.

Logo na primeira noite, trocámos ideias e troçámos de governações fracassadas como se nos conhecêssemos há muito tempo. Na verdade tinha uma vaga ideia da fama do P e da sua família mas assim que o conheci perdi os estereótipos que tinha feito dele e dessa gente que ama o dinheiro. P será talvez a única pessoa da qual não era forreta e não amava o seu dinheiro. Ele tinha a inocência de uma criança de 10 anos e só aos 18 é que finalmente saiu de casa para ingressar na universidade porque tios queriam.

Nas nossas intimidades, confiou-me que demorou 10 anos na Universidade a fazer a licenciatura porque queriam-lhe pagar a totalidade. Às escondidas dos familiares tirou um curso de pilotagem de aviação ligeira, o sonho era ser aviador

Muitas festas organizava e numa, estávamos num canto a conversar com cervejas em punho, até que aparece uma jovem de fazer suspirar, corpo perfeito até demais, morena e olhos azuis paralisaram P. A rapariga era irmã de um amigo em comum que me levou aos seus torneios famosos na cave. Tínhamos os olhos esbugalhados de tamanha beleza e P mal conseguia pronunciar uma palavra que fosse na presença dela, eles vieram a nosso encontro para ter uma noite diferente e se divertirem. A sua maneira trapalhona de falar fizeram-na logo rir e conhecerem-se melhor fora daquela festa. A sua amizade foi crescendo e  o inevitável aconteceu.

Pela primeira vez não se sentia fracassado com a vida, , finalmente a vida queria alguma coisa decente com ele. As festas acabaram, poucas vezes ia a casa conversar.

Como tudo na vida tem um fim, este romance teve igualmente um final. Haviam rumores que ia a casas de alterne gastar o dinheiro que restava. Talvez nunca aconteceu mas assim que ela ouvi tal coisa pegou nas malas e saiu da vida dele para sempre, nem ele teve tempo para se justificar pois o seu jeito trapalhão nas palavras não ajudava. Diz-se que nessa mesma noite, ela numa fúria alcoólica, enfrascou-se até perder a noção dos seus atos num bar e convidou para sair o primeiro figurão que lhe viesse meter conversa. Até funcionou, acordaram num hotel pago por ela. Não é preciso pensar muito o que aconteceu quando ela acordou depois de tanto beber e estar na cama com um desconhecido e ter acabado com o namorado.

Rapidamente, desgostoso com o sucedido, trancou-se na cave durante meses a ressacar naquela que poderia ser a “tal”. Apenas deixava o mordomo aproximar-se da porta e por a refeição à sua beira para que desaparecesse imediatamente para abrir e continuar o seu desgosto.

A vida dele mudou depois de receber uma carta por debaixo da porta. Não foi a tempo de mudar o inevitável, o mordomo tinha morrido. Tornou-se voluntário e criou várias fundações ligadas ao nome da família e suas empresas. Via-se outra cara nele mas faltava o vazio na ex, ela era a tal.

P tornou-se um homem ocupado mas não renunciava às nossas longas conversas.

Deixou no ar: - Prometo que daqui em diante deixarei de estragar boas relações

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