Am(d)or

 

Am(d)or

Portuguese

 

Não alcanço já as forças

Que antanho foram timão

Nem espero já que me oiças

Citereia, renunciei à ilusão.

 

Oh Camões, nobre poeta,

Quanta razão tinhas tu,

Se amor é choro de profeta,

É paixão, fortuna de Belzebu.

 

Não peço nem recanto

Que me possa dar guarida

Não me perco nesse encanto

És cinza, de folha ardida

 

Tudo o que do amor perece

Na ruína acaba, n’amargura finda

Não é amor se de dor não padece

Como podes ser, amor, minha razão de vida?

 

Tentador é o dilema,

Mas falsa a contradição

Tanto amor tem o poema

Como sofrimento a paixão.

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