Vejo-te ao longe
Como um farol no escuro
Não preciso de saber
De que lado vens
Ou as coisas que trazes contigo
Se voltas daquela noite
Para que te possa
Eternizar
Dentro de mim
Somente
Regresso
Na promessa
Dos pássaros
Que arbitrariamente
Soltam a semente
Eras o mar terreno
Que eu precisava
Por isso engoli
Todo o sal
Da minha saliva
Na poesia
Que ainda me restava
Ao sabor do vento
Aprendi
ao sabor do limão
Nenhuma ferida
levou o sonho
Partiu de mim
a vida
De tão reunida
à palavra de mãe
Entre o dia e a noite
Nos beijámos
Sem procurar a doçura dos frutos
Nos unimos
E adormecemos no mesmo corpo
(o nosso)
Que sente tudo
Assinala o equador
Do meu umbigo
E pernoita nele
Como uma folha de Outono
Que seca no meio de um livro
Esta cidade, esta gente
Um sismo na horizontal
Atropela-nos aos dois
Eu e tu, iguais na vertical
Mesmo o amor
Não sendo suficiente
É maior do que eu
Os teus olhos são de limão
E quando se fecham
O Verão é por uma só noite
Se possível de dia
Quando nos procurarmos
A vida é suficiente, ao morder
MAGNETISMO
Que cegos andam os meus,
Pelos teus olhos, amor,
Amantes desse candor,