Bússola sem brisa

 

Bússola sem brisa

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Bússola sem brisa

 

Amanheço com o dia

Enquanto o Sol abraça o vale.

Não se sente vento,

Aquele que é o meu guia no momento.

 

Saio, a ver onde se escondia.

Vou subindo a montanha,

Contornando a floresta viva.

Entre rochas

E descalço da brisa

Encaminha-me um trilho

Abrigado pela sombra

Dum ramo que nem se mexia.

 

Estranho!

Será que o vento ainda dormia?!

 

Continuo a subida,

Inebriado com tamanha calmaria...

Encontro apoio em cada pedra

Esperançoso de que o vento

No cume se escondia.

 

Em frente, um árido caminho,

Seco e cansado

De horas a fio

À conversa com o Sol

Que teima em falar sobre o Verão,

Quando é Rei e Senhor

Dos espaços sem guarida.

 

Ao chegar mais perto do Sol,

Enquanto este se ria,

Olho para baixo

E tudo de verde se vestia...

Mas continua tímido,

Este vento que nem assobia.

 

Já no cimo do monte,

De braços abertos,

Grito em silêncio:

- Vento! Para onde me levas?!

 

Ricardo Sousa

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