É possível ler na paisagem urbana
Aquilo que é difícil, impossível ver
No meu rosto, o esgar sem esforço
Que nem todos entendem, provo a
Loucura a trepar por igrejas frias, nuas
Pra ver o tísico universo, paciente
Responder a um cego mudo brando,
Eu sou o resultado de algo que nego,
Consequente à minha própria
Inconsequência mecânica,
Por conseguinte exponho na pele
E exponencio na consciência sobretudo
O privilégio régio, magnânimo
Como se fosse vício, delinquência
Galga, quiçá consciente a noção do crime
De pungente mea-culpa,
O aborto métrico, sintético,
O desacato mental genérico,
O pensar mais baixo, mais rude, mais duro,
Resinoso, oscilante e menos pragmático,
Eu sou o mau exemplo, o mau futuro
De tudo aquilo que julgam acerca,
A insanidade mental perfeita,
Com mais defeitos que qualidades,
O pé de atleta, o carbúnculo, o seboso,
O obstetra cego, o nado morto, o gordo,
O gago, enfim o geneticamente cru e cruel,
O amargo na boca, o rabo torto da porca …
Jorge Santos (06/2022)
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