Surrealista

 

As Almas

Humanas

mãos serpentinas

destilam tramas diagonais.

Banham-se as parcas,remam meninas

as rasas barcas, decadentinas,

cheias de lama e de animais.

Género: 
 

Estilhaços

Quebro-me em estilhaços

Mordo-te marfim

Rasgo-me em pedaços

 

(esquece-te de mim)

 

Estendo os finos braços

Trémulos, enfim.

Género: 
 

Ausência

Ausência

Género: 
 

Punhais

No teu viver de cometa,

ardem olhares soturnos,

gritares-doer de poeta.

Punhais da alma incompleta,

Género: 
 

Sacrifício

Percorres-me, fino fio, vermelho frio, morte imanente.

Pousada que estou na escada de um grito mudo exasperante,

Cindida, me tem a alma num sopro ácido, incandescente. 

Género: 
 

Alucidação

O lado em que definho e confluo,

não é mais que seu irmão.

Previsto que estava a razão querer matar-se,

Género: 
 

Acordes d´alma

Buliam os dedos nas cordas esticadas de uma viola por afinar.

Género: 
 

Vazio de nada

E se simplesmente me apetecesse escrever sobre absolutamente nada!? 

Género: 
 

Águas paradas

O rio parou.

Género: 
 

Canto do cisne

Era o cenário perfeito.

A praia estava deserta. Mais deserta do que é habitual para a época.

Género: 
 

Quando o telefone toca

A música era outra.

Género: 
Antes da Noite
 

Antes da Noite

Aí, nas paragens frias que o vento povoa, acaso não sabes tu que a noite sobrevém ao Sol que passa?

Género: 
Declínio
 

Declínio

Íngreme a descida, pesado o véu.
Crepúsculos já gastos na catábase dos dias encerram promessas de céu.
Alteiam-se ruínas na corrosão do tempo, bebem da ferrugem que o apodrece.

Género: 
 

saber

saberei, apenas isso
que escorre do céu
senão chuva, lágrimas
uma oração um feixe de luz
a dádiva, ao fechar dos olhos
sentir a frescura, imaginada
talvez,

Género: 
Logro
 

Logro

Chamei-te pelo nome do tempo, na escuma dos anos, no sal dos dias.

Deambulo inquieta por vielas absortas; olham-me em vão pares de janelas vazias que mãos humanas há muito não fecham.

Género: 
Expressionismo
 

Clepsidra

E sequiosas sarjetas engolem ocasos na contagem dos séculos; sentinelas despertas, atalhos de dor;
Clepsidras quebradas vomitam marés frias de lua sem cor;

Género: 
Expressionismo
 

Ultravioleta

Sento-me a teu lado nas tábuas ressequidas.

A indiferença das horas tudo impregna com o seu pó.

Luz deambula

Incerta

Paisagem

Recua colada às paredes.

Género: 
Guerra
 

Movimentos

No avesso das tardes,
ecos tombados junto a um muro derruído exortam
palidez nos becos frios
Miam ventos sorrateiros na ominosidade cega das ruas onde cavam

Género: 
Expressionismo
 

Clarabóia

O latir dos cães emoldura o silêncio
Cresce
Na ruina dos sentidos despenha-se contra a vidraça.

Género: 
Expressionismo
 

Reflexos

Mar.

Abismo quebrado na dureza das coisas;

Arrasta-me.

Céu em espelho lançado em profundidade;

Roça-me a pele em estilhaços de noite.

Eleva-me à escuridão.

Género: 
Expressionismo romântico
 

Queda

Faz frio aqui, entre a loucura e o perdão.

O ar move-se em mim, na altitude das cores que se evolam.

Não há na vertigem outro pensar senão o das aves; sou o que o vento segreda. 

Género: 
Expressionismo
 

Caleidoscópio

Afundas o olhar na indolência do longe.

Não tarda que a espera dilacere todos os agoras

Prismam-se na incerteza do vidro gasto.

Há um ir neste ficar

Género: 
Poesia Expressionista
 

Chiaroscuro

Leva-me contigo

Ao encontro das águas onde te deitas;

Desarma-me na noite posta.

Não digas que ao tempo sucede o tempo na soma das infâncias.

Deitas-te comigo

Género: 
 

APÓCRIFOS

Em Hora Prima

O gosto pelo sol urgíu

duma esperança nascida

dentre flores e espinhos

onde outrora me escondia de deus.

 

Em luz

Género: 
 

Memórias de mosaico

Memórias de Mosaíco

Género: 
 

Mar de amor

A chuva cai...
Cai a chuva no telhado...
Telhado que abrigam homens. ..
Homens que dormem. ...
Dormem sem notar. ...
Notar o tempo passar. ...

Género: 
 

Elefantes Sisudos

Queria falar com elefantes. Falei.
Soprei-lhes a tromba dobrada,
Puxei-lhes as orelhas de Dumbo,
Afaguei uma e outra e uma e outra pata descalça.

Género: 
 

Quando-furas-o-balão-com-uma-agulha

Praguejar
Prag
Aguejar
Jar
Só me apetece
Pra
Gue
Chorar
Pra quê?
Chorar

[side notes in english on the back of a paper]

Género: 
 

anestesias locais, gerais, morfina e diazepam

aquele estado inerte, subconsciente, inconsciente
estupefacto
estupefaciente

Género: 
 

Pétalas

Rosas verdes vermelhas sangue.
Escárnio desta Mãe Terra
Carnificina de uma manhã
Acordas em tempo de guerra.

Género: 
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